MARNOTO
Paisagem pintada de luz.
Sombra cúmplice
Nas asas das gaivotas.
Rosto tisnado
Pelo beijo do Sol
E pelo ciúme do sal.
Olhos remendados de azul.
Céu. Mar.
Nuvens de espuma
A salgarem o horizonte.
Pirâmides salinas,
Num deserto de branco.
Pés que se afundam
Em lágrimas movediças.
Uma faixa de ria
- Veia. Sangue. -
Embala a proa d’um moliceiro.
Mãos calejadas,
Pela sabedoria dos tempos,
Cultivam flores de cristal
No chão das marinhas.
Meia-lua a flutuar.
Ventre pejado.
Salineiro na maré.
O rodo vai e vem
Na contradança dos braços.
Seduzidas, as águas
Desfazem-se em abraços.
O vento varre a distância.
Uma nesga do passado
Repousa na memória.
Lurdes Breda
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