quarta-feira, 10 de junho de 2009

Folhas - Letras & outros ofícios nº 12



SALVÉ! MINOTAURO AVEIRENSE.


Aveiro. Tenho ódio a quem fale de ti com palavras brandas, dor infame e alma crispada. Sei bem minha beleza eterna, que em teu âmago, não é a ria que importa, não são os amores de ovos, nem os doces das montanhas, são as penas que cumpriste para ser livre, embora te comprem novos grilhões, com frases feitas embutidas, para usares nos verões. Tua alma Aveiro, está escondida por entre bidões de lata e corpos de prata. Está ausente numa memória distante, no olhar jovem pulsante. Nome. Tu ser difuso e abstracto, quase só nome entre fronteiras encravado, tens mil faces e milhões de destinos, pois que encontro teus filhos abraçados à vida, verdadeiros. E fortes. Pois que és dura, que teu calor arde, que estás desventrada de sonhos e de metal e de betão. Tenho raiva a quem te chama nomes cálidos e sonolentos, que não está a ser fiel á solidão que te procura, que em cem noites de loucura, vi eu ! Muitos seres arrependidos. Aveiro das bocas sujas dos tascos, tua poesia está escondida em praguejares sórdidos, tu Aveiro, és a tua própria mentira e só te ama quem te procura, nas margens, debaixo de pontes entre seres alados, mutilados. Entre cheiros e peles quentes, entre vidas e dias amaldiçoados. Esqueçam os boletins e nomes disfarçados, pontes flutuantes e crepúsculos arrepiados, és fome de ser e futuro encaminhado, és liberdade e corações desamarrados, amo a tua fúria de ser sem teus ricos pedrados, tua juventude criativa sem tuas peças masturbadas e teu doce correr de ria abençoada!


Ulisses Curado Figueiredo

3 comentários:

Anónimo disse...

Uma das maiores foleiradas que já li...

Professor Norman disse...

Concordo com o anónimo. Este tem a mania que sabe mas é burrinho como uma porta.

Sara disse...

Não percebo os insultos! Tá giro primo!