Poema para uma criança Guarani
Ou Moldura para um poema
Olho para o alto e sorrio
Da boca solta-se um canto
Límpido e puro como um rio
Reflexo de alma sã, encanto.
Trago no rosto o sol pintado
Nos olhos a certeza de quem sou
Na pele morena visto o passado
E o futuro que o sangue tatuou.
Sou avá guarani e também overá
Porque brilha em mim meu chão
No meu solo sempre haverá
Dança e acordes de violão.
Minhas mãos contas acariciam
De sementes, fios de história sagrada
Meus pés desnudos vivenciam
A lenda ameríndia tão espezinhada.
Meus cabelos negros brilham ao luar
Reflectem o brilho de rios ancestrais
Meu corpo franzino feito para dançar
Celebra memórias dos xamãs, meus pais.
De antigos profetas, escuto no vento
As palavras – Aju jevýma – espera por mim!
E eu respondo, sorrindo, a contento:
Aháta aju! Cantaremos até ao fim.
Ana Paula Mabrouk
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1 comentário:
sonora, musical, esta poesia da criança Guarani, feliz em seu lugar, suas tradições!
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