um cansaço inteiro nesta matéria visível
de instante a instante, nas ruas empedradas
da liquidez dos dias. como rios irredutíveis
em que soçobro o corpo o sangue as palavras
as paredes da casa. quisera as asas de um silêncio,
desprender-me das águas, como que uma ausência.
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AUSÊNCIAS
uma cegueira acelerada a despojar
o olhar das paisagens que negamos,
de que já conhecemos todas as cores.
sabemos da árvore grande ancestral
envelhecida no fundo do quintal
e daquele formigueiro incansável
no carreiro das hortênsias secas.
das paredes rachadas no prédio
e da velha caleira desengonçada.
das horas de fome nos trilhos bravios
dos estilhaços dos homens, essa ruína.
dos passos tardios do estranho vizinho
em solilóquio no passeio em frente.
mas nosso muro de invisibilidade,
de palavras ausentes nas mãos frias,
elege esse desencontro dos dias.
Maria Manuel
domingo, 13 de dezembro de 2009
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