domingo, 6 de dezembro de 2009
Criança - Naia sardo
Criança.
Vejo-a lá, no fundo da rua,
Na curva dos semáforos,
Onde o fumo dos escapes
Lhe dá algum prazer.
Pede esmola. Sim, pede. Para ela e para seu pai.
Só aceita moedas. Não quer comida.
Diz que depois a compra para levar ao pai doente.
E então comerá com ele.
Não tem mãe. Já morreu.
O pai foi mineiro. Está tuberculoso.
A parca reforma mal dá para os medicamentos.Moram num vão de escada, por esmola
Ela continua a "snifar" os gases dos escapes
Até que tenha o suficiente para ir para "casa"..
Até que algum "senhor" se aproveite da sua necessidade
E lhe dê uma boleia.
E será mais um ser destroçado
Neste Mundo cada vez mais cão.
Até que deixe de ser criança
E passe a ser mulher.
Naia Sardo
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