domingo, 6 de dezembro de 2009

Criança - Isabel Rosete

Olho em frente!
Vejo a miséria
Das crianças que sofrem
Imaculadas
Sem Pátria
Sem morada...

Escuto o redemoinho libertino
Dos espíritos embriagados
Pela nudez
Não mais originária.

Olho em frente.
Vejo a prepotência das Nações
As falsas intenções dos Povos
Descrentes
Dissimulados.

Escuto os gritos da Terra
Em desespero
Esmagada pela ambição dos Homens
Sem dignidade.

**************

Ai, se o vento me levasse
Na orla infinda das marés
Que ainda me salpicam!

Ai, se o vento me levasse
No espasmo matinal
Do cheiro eterno das flores!

Aí permaneceria, cândida, pura…
No seio de uma alegria sem fim
Que me acalentaria a alma.

Já não choraria mais
A criança que não fui
Ou a infância que não tive.

Voltaria a brincar com os infantes.
E, finalmente, sorria
Na transparência de um desejo inocente.

Isabel Rosete

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