domingo, 13 de dezembro de 2009

Numa toma. ausente. - Ulisses

GOTO.

no fundo do poço. estaria mais que um momento século, reflexo e espasmo funícular. as paredes eram cúbicas, no ovo que punha aquele sapo dentro da omoplata, ele pensava ver a razão da Europa. era o goto, da sua existência ele sabia-o. estaria mais que um momento, ausente de tudo, mais que um século separado de tudo.
estava no goto de uma memória e ele, sabia-o.

GOTO 1

agora premia a vontade de ser com utilidade, ouvia as vozes que lhe deixavam o gosto amargo na língua, a gosma que subia às suas orelhas, que emergia por entre as suas pestanas, que lhe congelava os dedos e aquecia o coração.
agora que mais fazer do que ser por entre o nada ?
agora que ser mais que outra coisa que não ser, ser sendo algo que se evade de si mesmo. na ausência, sentia não estar ausente de nada, ou melhor, estar com alguma coisa que era algo, estar dentro e fora de algo que era alguma coisa, e que em circunstância alguma, era algo que não estava, que lhe era ausente transformando-o nisso. ausente. contudo.
estava ausente. estava num poço. e sabia-o, pois sentia as parede verdes colarem-se-lhe aos braços, os remoinhos que os baldes faziam, quando tiravam àgua. era certo que o sabia, mas muitas vezes imaginava que estava num poço mas um poço que cheirasse a laranja, um poço onde meias mulheres, comentassem quando e quanto a lua não brilhava.

Um poeta disse. há cinco minutos.
um poema que foi comido pelas suas lombrigas.
um poeta diria se viesse, se algum deles viesse.
um poeta não diria nada para não quebrar a espectativa.

e se a quebrasse diria :
"sê puro, duro. procura até ao fim
a tua voz".



.ULISSES.

1 comentário:

António disse...

Pretensioso e patético?