domingo, 21 de fevereiro de 2010

Destinos Predestinados - Anabela Pais



Destinos predestinados

De Píramo as pupilas rebrilharam
Ao ver Tisbe passar do outro lado.
"Junto à branca amoreira", combinaram.
O seu segredo estava bem guardado.

O muro fortalece o sentimento!
A transgressão torna-se desafio!
A branca amoreira, o acolhimento
Dos jovens babilónios do desvio.

Duro caminho calca o belo jovem!
O que Tisbe antes tinha iniciado.
Para o mesmo lugar ambos se movem,
Mas Tisbe perde o véu ensanguentado.

Ó homem, por que és tu pessimista?
Seria o entusiasmo da paixão?
Por ter visto na amada outra conquista
A sua espada uniu ao coração!

Tisbe regressou à velha amoreira
E os frutos eram sangue e não alvor.
Píramo, amado, jaz à sua beira
Ela angustiada, morta mas de amor.

O homem é lince precipitado!
Da leoa havia a amada fugido,
Porém cai-lhe o véu de sangue manchado;
Píramo ao vê-lo, sentiu-se perdido.

São amantes que dormem livremente,
Haverá vida nessa eternidade?
Julieta e Romeu no inconsciente
Da nossa coeva imaturidade!


Anabela França Pais

1 comentário:

Anónimo disse...

Obrigado! Bonito!