domingo, 21 de fevereiro de 2010

Destino - Manuel Dias da Silva



Os solitários caminhos
continuam, para além do sorriso
gasto pelas tempestades,
iluminados pelos ventos, segundo
regras inalteráveis do sonho.

A primavera hesita
em chegar, quando sentimos,
na corrente dos rios, o frouxo abraço,
a lenta amargura
das imagens, que o inverno
concentrou na ausência das estrelas.

Enquanto procuramos os contornos do canto,
ou a terra seca,
ou o voo dos pássaros,
entrando-nos pelos olhos,
o inevitável espera-nos sempre
entre Cilas e Caríbdis.


Manuel Dias da Silva, A Gola do Tempo

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