* reencontro em surdina
há um silêncio na noite
que se espalha num quarto de hotel,
e em que vemos passar uma vida,
cheia de desejos e frustrações,
de risos e tristezas,
tentamos adormecer,
tentamos.
tudo é escuro,
tudo é silêncio.
sinto a carícia dos teus pés envoltos nos meu
se procuramos não cair na tentação do desejo,
para que nada se repita.
sinto o tempo a parar.
e como a caneta do poeta inspirado
flutuo.
comprimimos os nossos corpos
com uma intensidade ardente.
sufoco.
viro-me, cheiro a tua pele
e sinto a maciez do teu corpo.
provoco os teus abraços,
enrolo-me em ti
e sinto finalmente as tuas mãos gentis.
oiço-te respirar
e as nossas bocas unem-se.
sem palavras
numa noite em que o silêncio
é a palavra mais eloquente
Ana Oliveira
domingo, 22 de novembro de 2009
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2 comentários:
gostei de ler, tantas formas de falar «silêncio»:
silêncio dos gritos mudos; silêncio puro, respiração essencial a cada reiniciar; silêncio como uma impossibilidade concreta; silêncio de sons límpidos e melodiosos; silêncio como obstáculo às vozes urgentes de intervenção; silêncio a despertar nostalgia, inquietação; silêncio inevitável no encanto de uma menina por uma borboleta; silêncio dos afectos, dos desencontros, da separação; silêncio inteiro, num só enlace como se um passo de dança; silêncio a incendiar os corpos, lá fora a vida em sua escuridão.
Um sensual silêncio que é bom de ler, de dizer, de ouvir, de sentir.
Bjs.
Maria Mamede
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