FOLHAS SOLTAS
Livro mudo de palavras gritadas
folhas soltas na raiz do vento
espaço onde me descubro e invento
tempo cheio de linhas vazias
agulha fina de pensamentos graves
Livro esquema de astros íntimos
noite cortada à faca
sobre os sonhos
mais incrustados à madeira das mesas
mais húmidos de calor e cansaço
Livro livre
escrita afogueada de dedos múltiplos
fogo enrolado aos pulsos
língua de espanto presente
nó vivo
vidro agudo
lábios excessivos
signos furiosos e delirantes
Livro redondo de metáforas paralelas
geometria com letras assassinadas
dizer
nunca
não
tenho tempo
tenho veneno
tenho cabeça
Morro
com as folhas maduras
*************
LIVROS
Nos livros que tanto amo
que cheiro e toco beijando
tudo em prazer eu irmano
quando meus lábios tocando
cada letra em cada folha
como vidas, como gente
e atento, seu olhar olha
como recebo a semente
que suas palavras são...
trato o livro como irmão
de tanto amor que lhe tenho...
e o fruto com que lhe pago
é sereno como um lago;
é o tempo donde venho!...
Maria Mamede
domingo, 29 de novembro de 2009
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1 comentário:
«Folhas Soltas» é um poema intenso, como podem os livros ser. E com eles podemos amadurecer.
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