Nostalgia
Ritmada, a chuva goteja
Sobre a nudez das árvores.
Através da imobilidade lacrimejante,
Da minha janela fechada,
Observo a viagem apressada das nuvens.
Distante, o céu assemelha-se
A um imenso lago cinzento, invertido.
Um pardal de telhado
Pousa num ramo de pessegueiro.
No corpo despido da árvore
Assomam botões estremunhados,
Como minúsculas feridas rosadas.
Narcisos solitários
Tremulam no vento
As campânulas amarelas,
Num aceno de pétalas embriagadas.
O latido de um cão, longínquo,
Propaga-se na chuva que não pára,
E afugenta o pardal de telhado.
Na lareira, as labaredas
Fazem amor alucinadamente.
Prendo os olhos
No seu bailado cor-de-laranja
E acendo a esperança
Dentro e fora de mim…
Lurdes Breda
domingo, 15 de novembro de 2009
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2 comentários:
Um pictórico poema; fez-me lembrar
Cesário Verde. Parabéns Lurdes!
Nostalgico, muito bem conseguido, dolente e ao mesmo tempo não deixand morrer a esperança nem a vontade de sonhar.
Bjs. Amiga e Parabéns.
Maria Mamede
Este é giro.
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