domingo, 7 de março de 2010

Amor - Maria Manuel Rocha



não sei quando desaguaram nossos olhares
neste mesmo abismo de luz. como duas aves
únicas, impulso de asas à mesma sede.

estendeste-me depois a mão, concha
de rosas a soprar ternura a soprar desejo,
pétalas pólen orvalho espinhos. caminhos

pela orla húmida na hora das marés,
em meio das urzes, mel escoado de sol,
rentes às paredes saturadas de pêndulos.

e lentamente na lassidão da madrugada
no respirar crepúsculo na fundura da noite
ou na ausência, dizemos nosso nome amor.


Maria Manuel Rocha


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