defendem o sono no desabrigo
da negrura nocturna, na humidade
de um banco de gare ou de jardim,
na agrura rasa das pedras. mantas
cor da calçada, torcidos os ossos,
como náufragos em meio de temporal.
fissuras mudas sem sutura sem rumo
à margem do marulhar voraz da cidade.
a tempos, pela penumbra outros os passos
na efervescência intransigente das horas
declinam o olhar ao rosto da orfandade,
ao longo esteiro de orvalho. uma falência.
as aves aninhadas já não voam perto.
eles dormem - esses homens - e vivem
em silêncio, contra o medo contra a morte.
rastro de um fôlego de um luto em suspensão.
Maria Manuel Rocha
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