quarta-feira, 16 de junho de 2010

Orgasmar - José Jerónimo



I - Compasso dos Elementos

A tarde quente de verão
Cantava notas soltas nos nossos corpos
Numa dança orgasmástica:
A areia quente e húmida na pele...
O bater das ondas nos nossos pés...
O vento enrolado nos cabelos...
O azul do céu espelhado nos nossos olhos...

Um grito universal pulsando ao mesmo tempo
Ao mesmo compasso,
Um cântico antigo, sussurado
Pelo vento, pela terra, pelo céu,
Trazido na espuma das ondas:
Orgas... mar... mar... mar... mar!


II - Compasso dos Corpos

A quentura das bocas...
As mãos frementes...
Os olhos fechados...
Os corpos suados e nus,
Mergulhados nas águas profundas
Da noite primordial!

Promessas de sinfonias indizíveis,
Poemas de rima emparelhada a dois,
Fundidos num cântico universal e divino!

Orgasmámo-nos...


III - Compasso da Alma

No horizonte em tons de vermelho-fogo
O sol descia lento
Indiferente...

Ficámos enlaçados, silenciosos...
E partimos de mãos dadas,
Orgasmados
Separados
Sozinhos!

Restava-nos o cheiro a fruta madura...
O sabor a mosto quente...
A cantilena sussurrada pelo vento:
Orgasmar... mar... mar... mar!

E no horizonte o céu pintado de vermelho-sangue!

José Jerónimo


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